quarta-feira, 23 de julho de 2014

17 de Julho - R.I.P Pai

Se o reverso, inverso do riso está aqui a me visitar, faço versos, corro contra o vento para me sentir um pouco vivo e não em lágrimas, me acabar.
Mas é difícil, quase um ofício a não se cumprir e notar. Que os dias, desde que você partiu, pararam um pouco mais de brilhar.
Tua voz não saiu, ressoava embolada, me soava ingrato, te ouvir ao não falar. Balbuciar imcompreendido, e eu na esperança que sentisse no breve momento, meu bem querer, meu amar. No toque leve  de meus dedos em seus ralos cabelos brancos e olhando seus olhos, bem lá dentro, acreditei que em algum momento aquilo iria passar.
E sorririamos juntos, falaríamos coisas bestas, engraçadas, te deixaria bravo só pra implicar.
Não deu tempo. Partistes e acredito, se livrou do sofrimento. Egoísta que sou, ainda lamento, por não poder mais te ver ou te abraçar além das lembranças, que eu sei, passe o tempo que for, sempre estarão em mim, e em qualquer lugar que eu possa estar.

E na última vez que te vi, eu não sabia que era um adeus. Hoje eu sigo a vida, um pouco mais triste e com o sentimento de que o tempo é abstrato, a vida é incerta aqui na terra, e nossos planos devem sair do papel, assim como nossos sentimentos devem ser externados, antes que seja tarde... antes que a vida acabe, sem ao menos se notar.
E o abraço que não foi dado, as palavras que não puderam ser ditas, vivem pra sempre no universo dos desejos não realizados.
E de alguma forma tentamos crer que você de onde está, possa senti-las, possa ouvi-las.
Que o meu amor, se não ficou um dia claro, brilhe como um raio de luz onde você se encontra agora. Que um dia eu acorde e sinta você me carregando, segurando na minha mão, igual aquele retrato tirado na praia que eu tanto gostava de olhar quando criança.
E que a vida floresça novamente aqui dentro de mim e a luz maior te acompanhe onde quer que você esteja, pai.
Saudade é uma coisa difícil de lidar. Desculpa se no momento, eu só consigo chorar.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Declaração de amor ( texto de abril de 2011)

"Você não é o seu trabalho. Você não é quanto dinheiro você tem no banco. Você não é o carro que você dirige. Você não é o conteúdo da sua carteira." Fight Club - 1999
O termo foda-se é tão intenso quanto "eu amo você". Eu diria que é até mais libertário, em uma sociedade  onde percebo o amor banalizado,  o amor produto  para ser consumido em prateleiras do wall mart  e arrotado junto com pepsi-cola.
Houve um tempo, em que era necessário coragem para proferir tais palavras de amor, hoje elas TÊM SIDO USADAS DEMASIADAMENTE em canções descartáveis, em romances idiotas de vampiros, em cantadas pra levar alguém pra cama. Não só as palavras, mas o tal sentimento. Welcome to the jungle, diz a canção da banda mainstream, bem vindo à selva, diz o pobre diabo que escreve este texto. E enquanto vejo cada vez mais pessoas transformadas em peças, fabricadas em série e com código de barras, atreladas a aparências, seguindo o modelo padrão de ter dinheiro, carro do ano , uma esposa , filhos e religião para serem aceitos dentro das normas sociais, o FODA-SE  grita muito mais alto em meu coração. Se um dia eu encontrar a "minha " Júlia, feito Winston, não deixarei o "partido" nos separar. O superficial das relações humanas, a hipocrisia das instituições falidas, não me servem. Eu busco somente o que é real, e enquanto não há amor eu grito foda-se e explodo o Quarto  101.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Eu já ouvi canções só para lavar minha alma. Eu já andei sozinho por ruas estranhas procurando por nada, apenas por um segundo de silêncio. Eu já me senti fraco demais o bastante para  saber que não seguiria em frente, para instantes depois eu perceber que estava errado. A dúvida é o elemento perturbador, sempre é, e sempre o foi.  Hoje, a canção não lavará alma alguma, pois eu não sei onde ela esta, nem se ficou perdida em alguma rua. Boa noite.





Luís "coffeeboy"
blackflagcoffee@yahoo.com.br